21 de jan. de 2010
A Ilusão do Livre-arbítrio
12 de ago. de 2008
5 de jun. de 2008
Kial ne?!
Kial ne ĵetiĝi haste
en la kirlon de diboĉo,
kial ne mankapti draste
kaj ne trinki ĝojo-vinon? --
Ja la fino
venos mem.
Venos mem
lasta horo iam gaste,
for nin vokos fata voĉo ...
Fratoj, hej! ne sidu faste!
Verŝu, trinku fajran vinon
ĝis al fino!
Kial ne?!
(Nikolajs Kurzens)
Fonte: Poemoj de N. KURZENS
Conselhos e Máximas
Conselhos e Máximas - Aforismo §1 - Arthur Schopenhauer
Considero como a regra suprema de toda a sabedoria de vida a sentença enunciada por Aristóteles em sua Moral a Nicômaco (VII. 12): Quod dolore vacat, non quod suave est, persequitur vir prudens. [o sábio busca a ausência de dor, não a felicidade] A verdade dessa sentença se fundamenta no fato de que todo prazer e toda felicidade são de natureza negativa, e a dor é, pelo contrário, de natureza positiva. Pode-se encontrar um exame detalhado do assunto em minha obra capital, vol. I, § 58; não obstante, quero ilustrá-lo também por um fato de observação cotidiana. Quando nosso corpo inteiro está saudável e intacto, exceto por uma parte insignificante ferida ou dolorida, a consciência cessa de perceber a saúde do conjunto, e a atenção se dirige constantemente à dor da parte lesionada, e todo o conforto e prazer da vida desvanecem. Do mesmo modo, quando todos os nossos negócios andam bem, a não ser um só que vá mal, este nos persegue constantemente o cérebro, ainda que seja de mínima importância. Pensamos sobre ele constantemente e damos pouca atenção às demais coisas mais importantes que andam a nosso gosto. Em ambos os casos, a vontade está lesionada, no primeiro, tal como se objetiva no organismo, no segundo, tal como se objetiva nos esforços e aspirações do homem. Vemos em ambos os casos que a satisfação da vontade sempre se produz negativamente e que, em conseqüência, não é sentida diretamente de modo algum; no máximo, chegamos a ter consciência disso através da reflexão. Por outro lado, o que obstrui a vontade é algo positivo e, portanto, sua presença faz-se sentir. Todo prazer consiste apenas em suprimir essa obstrução, em libertar-se dela e, por conseguinte, não pode ser senão de curta duração.
É aqui, pois, em que se fundamenta a excelente regra de Aristóteles reproduzida anteriormente, a qual afirma que devemos concentrar nossa atenção não nos grandes prazeres e diversões da vida, senão nos meios de evitar, na medida do possível, os seus inumeráveis males. Se esse caminho não fosse o verdadeiro, o aforismo de Voltaire Le bonheur n’est qu’un rêve, et la douleur est reelle [A felicidade é apenas um sonho e a dor é real] seria necessariamente tão falso quanto, na verdade, é exato. Assim, quando se quer fazer o balanço da vida em termos eudemonológicos, não se deve levar em conta os prazeres que se tem saboreado, senão os males que se tem evitado. Na verdade, a eudemonologia deve começar por ensinar-nos que seu próprio nome é um eufemismo e que quando dizemos “viver feliz” deve-se entender somente “ser menos desgraçado”, ou seja, levar uma vida tolerável. E em realidade a vida não é algo a ser desfrutado, mas vencido, superado. Isso pode ser visto em muitas expressões, tais como degere vitam, vita defungi [vive a vida, a vida se acaba]; em italiano, si scampa così [se ao menos escapássemos]; em alemão, man muss suchen, durchzukommen [levar a vida do melhor modo possível]; er wird schon durch die Welt Kommen [passar a vida] e outras semelhantes. Na velhice é um consolo saber que se tem detrás de si o trabalho de viver. O homem mais feliz é, pois, aquele que passa a vida sem grandes dores, tanto moralmente como fisicamente, e não aquele que experimentou as alegrias mais vivas ou os gozos mais intensos. Querer medir por meio disso a felicidade de uma existência é recorrer a uma medida falsa. Pois os prazeres são e permanecem negativos; pensar que nos tornam felizes é uma idéia errônea cultivada apenas pelos invejosos, em seu próprio detrimento. A dor, pelo contrário, é sentida positivamente; logo, sua ausência é a medida da felicidade. Se a um estado livre de dor acrescenta-se a ausência de tédio, então se alcança a felicidade na terra no que tem de essencial; o resto não é mais que quimera. Segue-se daí que nunca se devem comprar prazeres à custa de dores, tampouco do risco, visto que isso seria pagar algo negativo e quimérico com algo positivo e real. Em contrapartida, há benefício em sacrificar prazeres para evitar dores. Em ambos os casos, é indiferente se as dores seguem ou precedem os prazeres. Não existe verdadeiramente loucura maior que querer transformar este teatro de misérias e lamentos em um lugar de prazer e buscar prazeres e alegrias, como tantos fazem, em vez de tratar de evitar a maior quantidade possível de dores. Há alguma sabedoria naquele que, com um olhar sombrio, considera este mundo como uma espécie de inferno, e não se ocupa mais que de proporcionar-se um abrigo onde esteja a salvo das chamas. O tolo corre atrás dos prazeres da vida e colhe desilusões; o sábio evita os seus males. Quando, apesar desses esforços, não se consegue evitá-lo, a culpa é do destino, não de sua tolice; porém, na medida em que o consiga, não será desiludido, porque os males que houver evitado são muito reais. Ainda que seu esforço em evitá-los tenha sido excessivo, sacrificando prazeres desnecessariamente, não perdeu nada realmente; pois todos os prazeres são ilusórios, e lamentar por sua perda seria mesquinho, e mesmo ridículo. A incapacidade – encorajada pelo otimismo – de apreender essa verdade é a fonte de muitas desgraças. Assim, nos momentos em que estamos livres de dores, desejos inquietos fazem brilhar à nossa vista as quimeras de uma felicidade que não tem existência real e nos seduzem a persegui-las; com isso atraímos a dor, que é indiscutivelmente real. Então lamentamos a perda desse estado de ausência de dor que, como um paraíso perdido, ficou para trás, e em vão tentamos reverter o que está feito. Parece que um espírito maligno, com visões de nossos desejos, ocupa-se constantemente em nos distanciar do estado de ausência de sofrimento, da felicidade suprema e real. O jovem irrefletido imagina que o mundo existe para ser desfrutado; que é a morada de uma felicidade positiva; que os homens não a alcançam porque são incapazes de superar as dificuldades. Sua crença é reforçada pelos romances e poesias, e por essa hipocrisia que o mundo exibe onde quer que seja e sempre em favor das aparências, assunto ao qual retornarei em breve. Daí em diante, sua vida é uma busca mais ou menos deliberada de uma felicidade positiva que, como tal, diz-se consistir de prazeres positivos. Não devemos esquecer os perigos aos quais se expõe nessa busca pela felicidade. Isso leva à persecução de coisas que não existem de maneira alguma e, em regra, acaba por conduzir a uma desgraça muito real e positiva, que se manifesta como dores, sofrimentos, enfermidades, perdas, cuidados, pobreza, desonra e outras mil calamidades. O desengano chega tarde demais. Se, pelo contrário, se obedece à regra aqui exposta, se o projeto de vida é dirigido com o fim de evitar o sofrimento, ou seja, se manter afastado da necessidade, da enfermidade e de qualquer outra moléstia, então o objetivo é real. Assim, será possível alcançar algo, e tanto mais na medida em que o plano não for atrapalhado pela persecução dessa quimera da felicidade positiva. Isso concorda com a passagem de Goethe, em Wahlverwandtschaften [as afinidades eletivas], na qual Mittler, que sempre tenta levar felicidade aos demais, diz: Aquele que quer livrar-se de um mal sempre sabe o que quer; aquele que busca mais do que tem, é mais cego que um acometido pela catarata. O que recorda esse belo adágio francês: le mieux est l’ennemi du bien [o melhor é inimigo do bem]. Daí se pode deduzir igualmente a idéia fundamental do cinismo, como demonstrei em minha obra capital, volume II, capítulo 16. Pois o que os levava a rechaçar todos os prazeres senão o pensamento das dores que os acompanham? Evitar a dor lhes parecia muito mais importante que obter prazer. Estavam profundamente penetrados e convencidos da natureza negativa do prazer e da natureza positiva da dor. Faziam todo o possível para evitar os males; mas, para tal fim, julgavam necessário rejeitar íntegra e intencionalmente os prazeres, que consideravam como armadilhas que nos conduziam ao sofrimento.
Sem dúvida, nascemos todos em Arcádia, como disse Schiller; isto é, começamos a vida cheios de aspirações à felicidade, ao prazer, e abrigamos a insensata esperança de realizá-las. Entretanto, em regra, chega o ponto em que o destino nos agarra bruscamente e nos ensina que nada é nosso, senão seu, visto que tem um direito indiscutível não apenas sobre tudo o que possuímos e adquirimos, sobre mulher e filhos, mas até sobre nossos braços e pernas, nossos olhos e ouvidos, e até sobre o nariz no meio da cara. Em todo caso, a experiência não tarda em fazer-nos compreender que felicidade e prazer são uma fata Morgana, que, visível somente de longe, desaparece quando nos aproximamos. Em contrapartida, compreendemos que o sofrimento e dor são uma realidade, a qual faz sua presença ser sentida sem qualquer intermediário, sem necessidade de ilusões ou expectativas. Se a lição dá seus frutos, desistimos de correr atrás da felicidade e do prazer, dedicando-nos a nos assegurar dos ataques da dor e do sofrimento. Reconhecemos, então, que o melhor que esse mundo pode oferecer-nos é uma existência sem dores, tranqüila, tolerável, na qual restringimos nossos anseios àquilo que estamos mais certos de poder alcançar. Porque o meio mais seguro para não chegar a ser muito infeliz é não desejar ser muito feliz. Merck, o amigo de juventude de Goethe, reconheceu essa verdade, posto que escreveu: Tudo neste mundo é desgraçado pela ânsia excessiva à felicidade, numa medida que, de fato, corresponde aos nossos sonhos. Aquele que pode livrar-se dela e só aspira ao que tem diante de si, esse poderá abrir passagem entre a ralé (Briefe na und von Merck, p. 100). É, pois, prudente reduzir a proporções muito modestas nossas pretensões aos prazeres, às riquezas, às posições, às honras etc., porque essa disputa e luta pela felicidade, pelo esplendor e pelos prazeres é o que nos traz os maiores infortúnios. Reduzir nossas pretensões é prudente e desejável porque é bastante fácil ser completamente desgraçado, enquanto não é apenas difícil ser muito feliz, mas completamente impossível. O poeta da sabedoria de vida disse com razão:
Auream quisquis mediocritatem
Diligit, tutus caret obsoleti
Sordibus tecti, caret invidenda
Sobrius aula.
Saevius ventis agitatur ingens
Pinus: et celsae graviore casu
Decidunt turres: feriuntque summos
Fulgura montes.
[Todo aquele que escolhe a áurea mediana está livre dos cuidados de um teto miserável, e não inveja, sóbrio, os esplendores dos palácios. Acometidos pela tempestade, o alto pinheiro é agitado pelos ventos, as mais elevadas torres desmoronam com estrondo e os cimos dos montes são feridos pelos raios. (Horácio, Odes, II. 10. 5-12.)]
Aquele que, imbuído dos ensinamentos da minha filosofia, sabe que toda nossa existência é uma coisa que melhor fora que não existisse e que a suprema sabedoria consiste em negá-la e em rejeitá-la, não nutrirá grandes expectativas em relação a coisa alguma; não perseguirá com paixão nada no mundo, e tampouco levantará grandes queixas quando falhar em qualquer empreendimento. Pelo contrário, reconhecerá a profunda veracidade das palavras de Platão: Nenhuma das coisas humanas é digna de tanta urgência (República, X. 604). Vejamos o lema do Gulistan de Saadi, o poeta persa, traduzido por Graf:
Ist einer Welt Besitz für dich zerronnen,
Sei nicht in Leid darüber, es ist nichts;
Und hast du einer Welt Besitz gewonnen,
Sei nicht erfreut darüber, es ist nichts.
Vorüber gehn die Schmerzen und die Wonnen,
Geh an der Welt vorüber, es ist nichts.
Anwari Soheili.
[Hás perdido o império do mundo? Não te aflijas; isso não é nada. Hás conquistado o império do mundo? Não te regozijes; isso não é nada. Dores e felicidades, tudo passa, passa ao lado do mundo; isso não é nada.]
O que aumenta particularmente a dificuldade de chegar a essas perspectivas tão elevadas é a hipocrisia do mundo, já mencionada acima, e nada seria tão útil como desmascará-la ainda na juventude. Em sua maioria, as magnificências são, como decorações de teatro, puras aparências, e falta a própria essência da coisa. Navios decorados com bandeiras hasteadas, saudações de canhão, iluminações, tambores e trombetas, gritos de alegria, aplausos etc., tudo isso é o sinal exterior, o indício, a sugestão, o hieróglifo do júbilo ou alegria. Mas é bem aqui onde raramente se encontra a alegria; só ela se recusou a comparecer ao festival. Onde realmente se apresenta, chega, comumente, sem ser convidada ou anunciada, vem por si mesma e sans façon [sem cerimônias]. Freqüentemente, introduz-se, em silêncio, nas ocasiões mais insignificantes e banais, nas circunstâncias mais corriqueiras do dia-a-dia; isto é, em qualquer lugar, exceto na companhia do brilho e da glória. Como o ouro na Austrália, encontra-se dispersa aqui e acolá, segundo o capricho do acaso, sem regra nem lei, as mais das vezes em pequenos grãos, e muito raramente em grandes quantidades. Mas o objetivo de tudo isso é fazer os demais acreditarem que alegria deu as caras; produzir essa ilusão em suas mentes é a intenção. Sucede com a tristeza o mesmo que com a alegria. Como são tristes e melancólicas as longas e vagarosas procissões funerais! Uma fila interminável de carruagens. Porém, olhemos um pouco no interior; estão todas vazias, e o defunto é escoltado até a sepultura apenas pelos coveiros da cidade. Uma imagem eloqüente da amizade e da consideração neste mundo! Isso é o que chamo falsidade, indignidade e hipocrisia da conduta humana. Temos também um exemplo nas recepções solenes com os numerosos convidados em trajes finos; isso quase nos faz acreditar que se trata de companhias nobres e distintas. Mas, em vez disso, os verdadeiros convidados são a compulsão, a dor e o tédio; porque onde há muitos convidados, há muita gentalha, ainda que todos carreguem estrelas no peito. Com efeito, a verdadeira boa sociedade em todo lugar é necessariamente muito restrita. Entretanto, em geral, essas festas espalhafatosas e diversões barulhentas sempre levam em si algo que soa oco, ou, melhor dizendo, que soa falso, pois contradizem escandalosamente a miséria e a aridez de nossa existência, e o contraste ressalta a verdade. Não obstante, visto de fora, tudo isso surte efeito, e é exatamente esse o objetivo. Chamfort fez a excelente observação de que la société, les cercles, les salons, ce qu’on appelle le monde, est une pièce misérable, un mauvais opéra, sans intérêt, qui se soutient un peu par les machines, les costumes et les décorations. [A sociedade, os círculos, os salões, o que se chama alta sociedade, é uma peça miserável, uma ópera ruim, sem interesse, que se sustenta somente pelas máquinas, pelos trajes e as decorações]. Sucede o mesmo em relação às academias e as cadeiras de filosofia; essas são os sinais, o simulacro exterior da sabedoria; mas esse é outro convidado que recusou o convite, e encontra-se num lugar bastante diverso. O constante repique de sinos, os trajes sacerdotais, o porte piedoso e as gesticulações grotescas são o simulacro exterior, o semblante falso da devoção, e assim por diante. Assim, quase todas as coisas deste mundo podem chamadas nozes vazias; a noz é rara por si mesma, e ainda mais raro é encontrá-la dentro da casca. Temos de buscá-la em outros lugares; normalmente só a encontramos por acaso.
4 de mai. de 2008
O Poeta da MTV
Quando fico de pau duro
Sinto-me Deus
Não Deus como Zeus no Olimpo
Deus como Jesus
Como o homem no garimpo ao achar a maior pepita
Como o médico que o cardíaco ressuscita
Sinto-me Deus
Sinto-me forte
Sinto o poder
Toda a grandeza de ser de um povo
Sinto-me um ovo fecundado
Como um viado ao dar o rabo
Sinto-me alado
Sinto-me sábio
Sinto-me luz cuspida de meus lábios
Sinto a explosão dos teus
Quando me coloco Deus
No meio de tuas pernas
(Cazé Peccini)
Fonte: Se Meu Blog Falasse
30 de abr. de 2008
Invictus
É de morte
De quem são os versos usados
pelo terrorista McVeigh
Não é fácil ser poeta. É preciso cortejar as musas, lutar contra a indiferença do público e a maldade dos críticos. Com sorte, alguns de seus versos sobrevivem e chegam às gerações futuras. Mas nem aí sua obra está a salvo. Quando menos se espera, um assassino resolve lançar mão dela. Foi o que ocorreu com o poeta inglês William Ernest Henley (1849-1903) na segunda-feira da semana passada. Nesse dia, pouco antes de ser executado com uma injeção letal, o terrorista americano Timothy McVeigh, responsável pelo atentado que matou 168 pessoas em Oklahoma seis anos atrás, ouviu a pergunta de praxe: "Você quer dizer suas últimas palavras?". Calado, ele estendeu ao policial uma folha com um poema escrito a mão. Em tradução literal, os últimos versos diziam: "Não importa o quão difícil a passagem/ A quantidade de condenações que recaiam sobre mim/ Eu sou o mestre do meu destino/ Eu sou o capitão da minha alma". Não, a iminência da morte não transformou McVeigh em bardo. Na verdade, ele tomou emprestados os versos do poema Invictus, obra mais famosa de Henley. No fim do século XIX, esse venerável cavalheiro vitoriano era uma das principais figuras do meio literário de seu país. Editou os primeiros escritos de autores como Thomas Hardy, George Bernard Shaw e H.G. Wells. Também foi grande amigo do romancista Robert Louis Stevenson, que se inspirou nele, que havia perdido um pé por causa de uma doença, para criar o pirata aleijado Long John Silver, personagem do livro A Ilha do Tesouro. De sua própria lavra, o escritor produziu, além de poemas, ensaios – um dos quais, curiosamente, contra Stevenson. Pobre Henley. Dedicou a vida a promover a cultura. Acabou usado para glamourizar um bárbaro.
Fonte: VEJA on-lne - Edição 1 705 - 20 de junho de 2001
Invictus
by William E Henley
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.
Invictus
(Título Original: "Invictus")
Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"
O Autor:
William Ernest Henley, nasceu em Gloucester, Inglaterra, em 23 de agosto de 1849, primogênito de seis irmãos, filho de um modesto vendedor de livros. Apesar da difícil condição financeira, seu pai conseguiu enviá-lo para uma escola secundária, Crypt Grammar School, que não pode concluir por motivos de saúde e financeiros. Tinha apenas doze anos de idade quando foi diagnosticada sua artrite decorrente do bacilo da tuberculose. Aos dezesseis teve a perna esquerda amputada abaixo do joelho. Em 1867, perdeu seu pai, tornando-se arrimo de sua mãe viúva e de seus irmãos. Em 1869 mudou-se para Londres onde conseguiu emprego como jornalista autônomo. Em 1872 sua doença o compeliu a viajar em tratamento para Edimburgo, Escócia, onde escreveu a coleção de poemas In Hospital e se apaixonou por Anna Boyle, com quem viria a se casar. Em 1875 tornou-se amigo íntimo de Robert Louis Stevenson que fora levado ao hospital para lhe conhecer. Nesse mesmo ano teve alta e retornou a Londres, onde se tornou editor da revista London. Em 1878 casou-se com Anna Boyle com quem teve sua única filha, Margaret, em 1888, que faleceu de meningite apenas 5 anos depois. Em 1889, tornou-se editor da revista Scots Observer, onde, nesse mesmo ano, escreveu uma crítica desfavorável de O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde que desencadeou uma célebre controvérsia entre ambos. Henley era um homem entusiasmado e apaixonado, com opiniões veementes e emoções intensas, e teve discussões com muitos outros contemporâneos. Permaneceu como editor de Scots Observer (cujo nome havia mudado para “National Observer”) até 1894, após o que morou em várias cidades inglesas com sua esposa. Morreu em 1903 de tuberculose.
Essa biografia é obra registrada, com todos os direitos reservados, publicada
originalmente no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"
8 de abr. de 2008
A Felicidade - Tom Jobim
A Felicidade
Tom Jobim
Composição: Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor
Tristeza não tem fim
Felicidade sim